sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Num caminho sombrio, escuro, dotado de solidão, caminhava o meu Eu, com uma eterna esperança que no fim daquele lugar, monstruoso, iria encontrar a aurora.
Numa terra árida, sem nenhum vestígio vital, eis que no fim daquela sombria estrada vejo uma Luz intensa. Esta ofuscava minha visão. Fui caminhando, e fiquei surpreendida, pois aquela Luz vinha de uma flor, que aos olhos de qualquer pessoa, poderia ser uma como as outras. Mas eu contemplava um brilho superiormente diferente de tudo que já havia visto naquele caminho.
Fui chegando, mas não podia chegar muito perto, pois a Flor era muito delicada e ao seu redor espinhos acercavam. Eu estava totalmente alucinada pela beleza daquela Flor, e mesmo com espinhos, estava disposta a fazer tudo para poder vê-la mais de perto, apreciar sua beleza e descobrir que Flor era aquela que me deixava assim, aquela Luz, aquele brilho. Tudo, o Eu queria saber tudo.
Continuei caminhando naquela estrada sombria, onde só naquele certo lugar havia Luz, às vezes voltava e tentava chegar mais perto da Flor, mas aqueles espinhos malditos me impediam, mesmo assim insistia.
Aquele brilho não parava de me iluminar um instante, mesmo longe ele estava comigo, sempre quando encontrava a solidão no caminho, voltava e saciava-me com o esplendor encantador da Flor.
Nada mais fazia sentido, para mim, senão tivesse aquele brilho sobre mim. Eu continuava andando, mas sempre voltava para olhar e admirar a minha flor.
Um dia, quando voltei para vê-la, os espinhos estavam machucando as pétalas delicadas da linda Flor, ela estava ferida, triste, e a culpa era minha, pois o meu Eu não podia ter descoberto aquela Flor, mas já era tarde demais, o seu brilho, sua Luz já havia me dominado. Então os espinhos a sufocaram até ela ter que partir daquele local, mas ela me presenteou com sementes.
Consegui semear meu caminho e hoje, graças a minha flor, ele é iluminado, mas nunca terá o brilho daquela Flor, pois ela era única e o seu brilho também.
Ela só precisou abandonar os espinhos, pois não era brilhar no meio deles, a Flor era pura, delicade, sensível e não podia se contaminar com eles. Ela está agora iluminando caminhos de outros, e com certeza deixará sementes, como fez comigo.
Sabe, ainda tenho esperança de um dia reencontra-la e, quem sabe, retribuir tudo que fez por mim.
Thamiris Valente